Os diagnósticos têm aumentado todos os anos, «um reflexo dos hábitos tabágicos que se manifestam em toda a Europa», explicou à Lusa, esta quinta-feira, o presidente do Grupo de Estudos desta doença, Fernando Barata, no dia em que começa o Congresso Português do Cancro do Pulmão.
Quanto à mortalidade, a taxa continua «muito elevada», refletindo o estado avançado em que os doentes com cancro do pulmão chegam ao médico.
Segundo Fernando Barata, a taxa de sobrevivência a cinco anos nos tumores do pulmão situa-se apenas nos 15% a 18%. «É muitas vezes um cancro assintomático e chega-nos já muitas vezes em formas muito avançadas e com metástases», declarou o médico que dirige o do serviço de Pneumologia B do Hospital Geral do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
O pneumologista destaca contudo que tem havido «avanços importantes» em termos de medicação para estas fases mais avançadas da doença, conseguindo-se já uma duplicação da sobrevivência. «Há 10 anos um doente destes teria uma sobrevivência de 10 meses e hoje consegue-se uma sobrevivência de quase dois anos».
O especialista lembra que o fumo do tabaco é a causa principal do cancro do pulmão, estimando que 90% das mortes nos homens e 80% nas mulheres tenham esta causa.
É uma questão que tem dividido especialistas, com o pneumologista a frisar que parte da constituição destes cigarros ainda é desconhecida. Para além disso, os médicos têm constatado que os fumadores usam os cigarros eletrónicos por «um ou dois meses», voltando depois ao tabaco tradicional.
Além de «não serem uma alternativa para deixar de fumar», o especialista diz também que podem representar um passo para os mais jovens começarem a fumar. «Mesmo em grupos mais jovens que começam a fumar cigarro eletrónico, o que vemos é depois uma passagem rápida para o cigarro tradicional».
O presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão considera por isso que a cessação tabágica passa «muito mais» pelas medidas tradicionais, como consultas próprias e/ou recurso a medicação.
Em agosto, A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou proibir a venda de cigarros eletrónicos a menores de idade, por considerar que o consumo acarreta «ameaças graves» para os adolescentes e fetos. Os peritos aconselharam também proibir-se o consumo de cigarros eletrónicos em espaços públicos fechados.